terça-feira, 31 de maio de 2011

Bloco III – Corpo e a Higiene


Bloco III – Corpo e a Higiene

         A intenção deste bloco é evidenciar a influência do movimento higienista no contexto de criação e ao longo da história da Educação Física no Brasil. Para isso será apresentado um resumo do texto Combater a “Poética Pallidez”: a questão da higienização dos corpos, de José G. Gondra, além de textos sobre o tema que ajudam a entender o que foi o movimento higienista no Brasil. Neste sentido, o texto abaixo ao realizar uma análise história deste movimento, evidencia sua preocupação com a saúde da população e com uma intervenção com a intenção de mudar os hábitos da população.

           



Resumo – Combater a “Poética pallidez”: a questão da higienização dos corpos

O texto de José G. Gondra discute as relações da medicina com a corporeidade na educação do século XIX no município da Corte. O autor dedica-se a trabalhar com dois grandes aspectos do projeto de higienização dos corpos, sendo o primeiro deles voltado para se delimitar a extensão das ações imaginadas pelos médicos da época e no segundo dirige-se um olhar sobre o projeto de educação física a ser praticado e desenvolvido nos colégios.
            Para por em prática este projeto higienização nos colégios, os médicos passaram a criar uma pauta para a educação física, nas quais eram possíveis distinguir sete temas em torno dos quais o discurso é articulado: o diagnóstico das práticas corporais, os objetivos da educação do corpo, o lugar de educar, os agentes de educação física, o modo de educar, as atividades e os princípios que deveriam regê-la. Dentro destes temas é analisado o discurso empregado pelos médicos da época, que se preocupavam claramente com o pleno desenvolvimento dos jovens, para que estes pudessem crescer e desenvolver-se de maneira plena para que se tornassem adultos prontos para serem úteis a pátria, ou seja, corpos vigorosos e trabalhadores.
            Era importante para os higienistas que esse projeto fosse bem sucedido, portanto defendiam um método de ensino que fosse ao encontro dos discursos desenvolvidos e legitimados na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro – FMRJ. Um dos princípios básicos era a hierarquia que era estabelecida, na qual, para eles, a educação do corpo deveria preceder a intelectual. Para que o jovem estivesse pronto para a vida na instituição escolar, deveria ter desenvolvido suas aptidões físicas, considerando importante, portanto, as brincadeiras e outras atividades infantis. É estabelecido inclusive um plano de atividades para que este desenvolvimento fosse atingido com eficiência, que, baseado na idade, definia que tipos de exercício deveria ser aplicado. Para que atingissem as finalidades preventivas ou curativas a que se destinavam, recomendava-se que os exercícios seguissem os mesmos princípios formulados pela higiene.
            Na parte final, o autor procura mostrar como foi a reação dos professores diante da proposta higienista de educação corporal. É indicada uma certa argumentação de parte dos professores com a educação física, que partilha as mesmas preocupações dos higienistas quanto à formação do corpo robusto para o trabalho e desenvolvimento da nação. Porém, existiu uma crítica a essa forma de ensino por parte dos professores da época, não somente da Corte, que reclamavam dessa forma de educação física por não haver condições de implantar aquele tipo de ensino devido à precariedade de espaço, falta de profissionais especializados, entre outros aspectos. Dessa forma começou uma discussão que se prolongaria sobre os diversos aspectos da educação física nas escolas brasileiras.





            Pode-se, a partir do resumo, identificar os objetivos principais do autor, que ao estabelecer uma análise histórica da intervenção médica sobre os corpos, procura evidenciar a preocupação com a saúde da população, para a criação de uma mão-de-obra forte e saudável. Esta constatação pode ser observada também no trabalho abaixo, de Silvana V. Goellner:


            Em uma passagem do texto a autora afirma:
        Legar robustez e integridade às gerações futuras passou integrar o conjunto de objetivos da política nacional de desenvolvimento do país (Marques, 1994). O propósito encontrou apoio em categorias profissionais como médicos, intelectuais, militares, dirigentes políticos e professores, que não pouparam esforços para consolidá-lo (Schwarcz, 1993). Entre as várias ações desenvolvidas em prol desse aprimoramento, destaca-se o amplo incentivo conferido à prática de atividades físicas, percebidas como fundamentais para o fortalecimento da saúde dos indivíduos e do próprio país.

            Percebe-se no discurso higienista o esforço no sentido de se pensar sobre a saúde da população, a partir das idéias presentes na época que se preocupavam em estabelecer uma nação forte. Deste modo, passa a existir uma intervenção médica que não preocupa-se exclusivamente com a saúde do indivíduo, mas de forma coletiva, com influências do contexto em que foi criada a medicina social, explicado por Foucault (1993).





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