terça-feira, 31 de maio de 2011

Bloco V – Corpo e Saúde/Doença


Bloco V – Corpo e Saúde/Doença

            Para a realização da discussão sobre a relação do corpo com a saúde e a doença, assim como uma análise da relação que estes dois conceitos estabelecem entre si, os textos apresentados virão de forma a dialogar com o texto Saúde/Doença e triangulação: pontos de vista e inter-relações, de Fernando Lefèvre e Ana Maria Lefèvre, além de aproveitar as contribuições de outros autores e de discussões em aula.  Em seu trabalho, os autores identificam “três grandes macro-interesses em disputa no “jogo” (no sentido que Bourdieu confere ao termo) da saúde/doença hoje entre nós:” sentir saúde (interesse do indivíduo), vender saúde (interesse do sistema produtivo ou mercado) e exercer o poder de proporcionar saúde (interesse do técnico ou profissional ou especialista em saúde).
A partir desta ótica, será apresentado material que ajude a compreender a influência de cada um destes interesses na disputa para conceituar tanto saúde como doença.




PVI – Ponto de Vista dos Indivíduos:
            Trata-se aqui, da percepção do indivíduo sobre seu corpo, ou seja, suas próprias sensações e sentimentos de bem ou mal estar. Entretanto, este indivíduo não encontra-se livre de influências externas, pois observa-se atualmente que em busca de um estado saudável, ele procura absorver em discursos de especialistas práticas e comportamentos que o identifiquem como um sujeito que se encaixa no conceito construído de saúde. Existe portanto, uma forte relação do desejo de se estar saudável (ou não estar doente), e influência que vêm dos interesses de mercado.
Cada vez mais, artigo como o da revista Saúde (abaixo), são procurados para obtenção de informações sobre práticas saudáveis:



PVSP – Ponto de Vista do Sistema Produtivo:
Do ponto de vista do mercado, interessa que a relação entre os conceitos de saúde e doença torne-se algo produtivo economicamente. Desta forma, a conseqüência deste fenômeno acaba sendo a venda da saúde, tendo nos meios de comunicação (como na matéria apresentada) um ótimo aliado para difundir os conceitos a serem perseguidos.
Entretanto, o que acontece é que apenas uma pequena parcela da população tem acesso aos meios para se buscar a saúde. A matéria abaixo, que se refere a uma reportagem da revista Veja, fala sobre formas de se defender de medidas que tem por intenção extrair o máximo possível do dinheiro do indivíduo.






PVT - Ponto de Vista Técnico:

            Quando trata-se de definir legitimamente a saúde de um indivíduo, recorre-se a quem retém o conhecimento técnico-cientifico acerca das áreas médicas e biológicas. É criada então esta forma de atestar e comprovar de maneira fidedigna a saúde da população, que consiste em basear-se em constatações dos especialistas nas áreas relacionadas ao campo da saúde. Como exemplos destas definições dos conceitos aparecem nos textos apresentados alguns direcionamentos sobre o assunto, vindos do Ministério da Saúde.




            -Página oficial da OMS (Organização Mundial da Saúde):

            Além disso, existe o interesse do mercado em promover um conceito de saúde. Na área da Educação Física é comum encontrar discursos de médicos, fisioterapeutas e professores que estimulam o esporte e atividade física como forma de tornar o indivíduo forte e saudável. Um exemplo que pode ser utilizado é o quadro “Medida Certa” do Fantástico, na Globo.

            Os apresentadores entraram em uma rotina diferente para mudarem o comportamento de modo a perder peso. Dentro das matérias, esse estímulo quase forçado à certas práticas pode ser muito bem observado.

Bloco IV – O Corpo e Educação Postural


Bloco IV – O Corpo e Educação Postural

            Através das contribuições do texto de Georges Vigarello, Panóplias Corretoras: balizas para uma história, e de reportagens e textos relacionados com o tema da educação postural pretende-se oferecer uma exposição de material que ajude na reflexão acerca do assunto, que aparece frequentemente na área da Educação Física. A divisão utilizada no texto de Vigarello, que apresenta dois momentos distintos da educação postural, será aproveitada como estrutura para a apresentação dos textos aqui reunidos.





Uma manipulação de morfologia:
            O texto de Vigarello inicia falando sobre os aparelhos usados para moldar os corpos de acordo com as noções da época do que seria uma postura correta. Dentro dos exemplos utilizados, existe um bastante conhecido ainda hoje, que é o espartilho:

            Assim como na época em que os aparelhos interferiam na morfologia corporal, o uso do espartilho no caso observado tem a intenção de moldar o corpo de acordo com um padrão existente na sociedade. Neste caso, o desejo que as mulheres têm de possuir uma cintura fina. Logicamente, as proporções observadas fogem ao padrão de beleza indicado atualmente, mas o modelamento da cintura da mulher citada na reportagem veio deste desejo.



O recuo da mão e seu sentido:
            Se em um primeiro momento o corpo era moldado por aparelhos que serviam como uma extensão da mão do tutor, a partir da segunda metade do séc. XVIII a educação do corpo passou a se dar de uma forma mais sutil, disfarçada. Como bem explicita a passagem do texto:
“A substituição de uma mão impondo quase diretamente seu poder, por uma outra se distanciando para melhor solicitar de modo indireto as forças que o próprio sujeito contém, implica, em duplo sentido, um trabalho sobre o domínio de si: aquele que a situação dita sem rodeio ao sujeito, e aquele que ele aprende exercer sobre si mesmo.” (Vigarello, 1979, p. 36)
Observa-se, portanto, um discurso diferente daquele que observou-se em um primeiro momento, que se propõe a criar no indivíduo uma forma de ele próprio disciplinar seus movimentos e comportamento, sem que haja a necessidade de uma interferência direta de aparelhos agindo diretamente sobre o corpo.
Outros exemplos de textos que abordam o assunto podem ser encontrados em diversas fontes, como as que seguem:






Bloco III – Corpo e a Higiene


Bloco III – Corpo e a Higiene

         A intenção deste bloco é evidenciar a influência do movimento higienista no contexto de criação e ao longo da história da Educação Física no Brasil. Para isso será apresentado um resumo do texto Combater a “Poética Pallidez”: a questão da higienização dos corpos, de José G. Gondra, além de textos sobre o tema que ajudam a entender o que foi o movimento higienista no Brasil. Neste sentido, o texto abaixo ao realizar uma análise história deste movimento, evidencia sua preocupação com a saúde da população e com uma intervenção com a intenção de mudar os hábitos da população.

           



Resumo – Combater a “Poética pallidez”: a questão da higienização dos corpos

O texto de José G. Gondra discute as relações da medicina com a corporeidade na educação do século XIX no município da Corte. O autor dedica-se a trabalhar com dois grandes aspectos do projeto de higienização dos corpos, sendo o primeiro deles voltado para se delimitar a extensão das ações imaginadas pelos médicos da época e no segundo dirige-se um olhar sobre o projeto de educação física a ser praticado e desenvolvido nos colégios.
            Para por em prática este projeto higienização nos colégios, os médicos passaram a criar uma pauta para a educação física, nas quais eram possíveis distinguir sete temas em torno dos quais o discurso é articulado: o diagnóstico das práticas corporais, os objetivos da educação do corpo, o lugar de educar, os agentes de educação física, o modo de educar, as atividades e os princípios que deveriam regê-la. Dentro destes temas é analisado o discurso empregado pelos médicos da época, que se preocupavam claramente com o pleno desenvolvimento dos jovens, para que estes pudessem crescer e desenvolver-se de maneira plena para que se tornassem adultos prontos para serem úteis a pátria, ou seja, corpos vigorosos e trabalhadores.
            Era importante para os higienistas que esse projeto fosse bem sucedido, portanto defendiam um método de ensino que fosse ao encontro dos discursos desenvolvidos e legitimados na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro – FMRJ. Um dos princípios básicos era a hierarquia que era estabelecida, na qual, para eles, a educação do corpo deveria preceder a intelectual. Para que o jovem estivesse pronto para a vida na instituição escolar, deveria ter desenvolvido suas aptidões físicas, considerando importante, portanto, as brincadeiras e outras atividades infantis. É estabelecido inclusive um plano de atividades para que este desenvolvimento fosse atingido com eficiência, que, baseado na idade, definia que tipos de exercício deveria ser aplicado. Para que atingissem as finalidades preventivas ou curativas a que se destinavam, recomendava-se que os exercícios seguissem os mesmos princípios formulados pela higiene.
            Na parte final, o autor procura mostrar como foi a reação dos professores diante da proposta higienista de educação corporal. É indicada uma certa argumentação de parte dos professores com a educação física, que partilha as mesmas preocupações dos higienistas quanto à formação do corpo robusto para o trabalho e desenvolvimento da nação. Porém, existiu uma crítica a essa forma de ensino por parte dos professores da época, não somente da Corte, que reclamavam dessa forma de educação física por não haver condições de implantar aquele tipo de ensino devido à precariedade de espaço, falta de profissionais especializados, entre outros aspectos. Dessa forma começou uma discussão que se prolongaria sobre os diversos aspectos da educação física nas escolas brasileiras.





            Pode-se, a partir do resumo, identificar os objetivos principais do autor, que ao estabelecer uma análise histórica da intervenção médica sobre os corpos, procura evidenciar a preocupação com a saúde da população, para a criação de uma mão-de-obra forte e saudável. Esta constatação pode ser observada também no trabalho abaixo, de Silvana V. Goellner:


            Em uma passagem do texto a autora afirma:
        Legar robustez e integridade às gerações futuras passou integrar o conjunto de objetivos da política nacional de desenvolvimento do país (Marques, 1994). O propósito encontrou apoio em categorias profissionais como médicos, intelectuais, militares, dirigentes políticos e professores, que não pouparam esforços para consolidá-lo (Schwarcz, 1993). Entre as várias ações desenvolvidas em prol desse aprimoramento, destaca-se o amplo incentivo conferido à prática de atividades físicas, percebidas como fundamentais para o fortalecimento da saúde dos indivíduos e do próprio país.

            Percebe-se no discurso higienista o esforço no sentido de se pensar sobre a saúde da população, a partir das idéias presentes na época que se preocupavam em estabelecer uma nação forte. Deste modo, passa a existir uma intervenção médica que não preocupa-se exclusivamente com a saúde do indivíduo, mas de forma coletiva, com influências do contexto em que foi criada a medicina social, explicado por Foucault (1993).





Bloco 2 – A Anatomia e os estudos do corpo


Bloco II – A Anatomia e os estudos do corpo

            Para realizar uma reflexão acerca dos assuntos que englobam o estudo da anatomia e os estudos do corpo, foi reunido neste bloco material que relaciona-se diretamente com a temática e com o texto Lições de Anatomia: geografias do olhar, de Carmen Soares e Vinícius Terra, apresentado na disciplina, de modo a analisar a forma pela qual os estudos da anatomia tem influenciado as concepções sobre o corpo humano. Serão apresentados textos, servindo de exemplo e ilustração para algumas passagens do texto citado anteriormente e explicada a relação que estabelecem com o tema do bloco.

Anatomia Energética:

O texto presente no blog trata de explicar formas pelas quais a energia se manifesta no corpo humano, através de conceitos estudados pela medicina ayurvédica. Os estudos citados no texto abordam o corpo de maneira diferente daquela que se vê na medicina tradicional do ocidente, influenciada pelos estudos de cadáveres como aparece explicado no texto do bloco, mas importando-se também com “uma realidade muito maior do que a que pode ser percebida e estudada através dos cinco sentidos do corpo físico”.



      


           


Anatomia e a arte:
            O texto fala sobre as contribuições de Leonardo Da Vinci para os estudos de anatomia. Conforme o texto Lições de anatomia: geografias do olhar explica, a relação de artistas como Da Vinci, Michelangelo, Raphael, com a anatomia era bastante intensa. Na época, buscava-se uma retratação do corpo, sendo buscados nos estudos de anatomia dados para a realização de suas obras. Mas a contribuição não era somente da anatomia para os artistas, pois alguns destes contribuíram para o estudo desta ciência. O texto cita algumas das contribuições de Leonardo Da Vinci, evidenciando esta relação próxima entre anatomia e arte na época.




                                                   
            Este artigo ilustra a relação entre anatomia e arte, construindo uma reflexão a partir da História da Arte, observando as já citadas contribuições de Leonardo Da Vinci e Andreas Vesalius para os estudos da anatomia. São abordadas também no texto as dissecações em público, além de vários outros aspectos citados no texto já comentado do bloco II.






 “Raras são as relações que se fazem entre a anatomia e a história, uma história do corpo, da educação física, das práticas corporais; raras são as vezes em que se problematizam essas compreensões, em que se pensam nas conseqüências desse conhecimento na configuração do corpo como objeto de conhecimento e do corpo vivo como objeto de estudo e de trabalho. Raras são as vezes em que o corpo é apresentado, também, como um objeto de estudo histórico.”

A partir desta afirmação presente no texto de Carmen Soares e Vinicius Terra, constata-se que estudos como os apresentados nestes artigos, são pouco desenvolvidos. Os estudos da anatomia que levam em conta os aspectos citados na passagem do texto ainda são muito raros. Por esse motivo é importante destacar essas leituras, que utilizam uma análise histórica da anatomia através da arte, para observar como pode ser realizado um estudo da anatomia preocupado com as questões históricas e sociais.






           
                                                    


Bloco I - Corpo e a Biologia


Bloco I – Corpo e a Biologia

            A partir da leitura das definições de epidemiologia e cinesiologia, presentes no Dicionário Crítico de Educação Física, e reflexão a partir de textos que abordem o assunto relacionado ao corpo e biologia, pretende-se neste bloco apresentar uma análise do material de modo que se evidencie alguns aspectos importantes sobre o tema.
A seguir, será apresentado material que ajude a esclarecer e a refletir sobre a epidemiologia e cinesiologia, seguido de uma conclusão, observando os aspectos encontrados de uma forma mais geral, estabelecendo uma ligação com as discussões sobre a saúde.

Epidemiologia:

            De modo a contribuir para uma introdução ao assunto, estão presente abaixo textos que servem para oferecer conceitos fundamentais sobre o modo como se pensa a epidemiologia atualmente. O primeiro é a tradução para o português de um texto publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que contribui no sentido de oferecer conceitos básicos sobre a epidemiologia, da mesma forma que o segundo, denominado “Noções Básicas de Epidemiologia.



            Pode-se perceber nas publicações, que o conceito de epidemiologia como “estudo de epidemias de doenças transmissíveis” foi substituído por uma preocupação da área com “os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores determinantes destes padrões”. Desta forma, é possível diferenciar sua forma de atuação com a da clínica, que atua em nível individual, sendo importante portanto, na constituição de políticas públicas de saúde.



            Cinesiologia:

            De maneira geral, pode-se dizer que a cinesiologia é a ciência que estuda o movimento humano, ou a estrutura e função do sistema músculo-esquelético do corpo humano. Nos cursos de Educação Física e Fisioterapia principalmente, aparece como disciplina bastante conhecido pelos profissionais da área. Apesar das controvérsias existentes quanto ao seu significado, seu estudo na área da Educação Física tem se dado quase sempre como forma de analisar os fundamentos básicos do esporte, como aparece exemplificado no vídeo abaixo:


            Outra concepção e modo de aplicação de seus estudos podem ser encontrados nesta página :




            O estudo dessas duas ciências vem ganhando destaque na área da saúde, mostrando-se importantes no que se refere à busca de conhecimento sobre o corpo humano. Já há muito tempo existe o interesse do homem em conhecer os mecanismos do corpo humano para melhor entender e cuidar de seu corpo. Atualmente, nos estudos sobre a saúde, mostra-se fundamental o conhecimento sobre essas duas áreas, que se relacionam diretamente com a atuação do profissional da Educação Física, uma vez que cada vez mais ele é visto na sociedade como promotor de saúde.