quinta-feira, 7 de julho de 2011

Portfolio – Corporeidade III (Apresentação)

Portfolio – Corporeidade III

         A criação deste blog se deu para a apresentação do Portfolio da disciplina de Corporeidade III, do Curso de Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande,  como avaliação parcial do 3º semestre de 2011. Em cada postagem abaixo, encontra-se o material reunido para cada bloco, junto com uma análise geral do tema e do texto de apoio oferecido na disciplina. O material encontrado consiste em reportagens, vídeos, artigos científicos da Educação Física e outras áreas do conhecimento, textos de páginas relacionadas, entre outros. A opção por não criar uma estrutura padrão para todos os blocos foi uma escolha que se deve às particularidade de cada assunto, dados e reflexões. Em comum, em termos de estrutura, os blocos possuem a exposição de textos seguidos de uma descrição e problematização do tema abordado, de modo a tentar contribuir com um olhar crítico para a discussão que existe relacionando o conceito de saúde com a Educação Física.

Pedro Bersch da Cruz,
Aluno do 3º semestre do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Bloco XI – Educação Física, Esporte e Saúde


Bloco XI – Educação Física, Esporte e Saúde

         Neste bloco, encontra-se material referente ao tema que relaciona a prática de esportes com a promoção de saúde. Apesar de já ter aparecido na reflexão em outros blocos de forma indireta, relacionado às outras temáticas, é importante retomar o assunto de modo a aprofundar a análise e trazer novas contribuições para se pensar sobre os aspectos que influenciam no paradigma atual. Para ajudar na problematização, os dados reunidos aqui aparecem de forma também a se relacionar com o texto de Rogério Rodrigues, O Esporte é uma prática de Bem-estar ilusório no sujeito.
Abaixo, encontra-se um pequeno resumo do texto, que foi anexado para contextualizar alguns temas referentes à discussão existente na área.



O Esporte é uma prática de Bem-estar ilusório no sujeito? – Rogério Rodrigues

            O texto tem como objetivo colocar em cheque o discurso muito utilizado no senso comum que relaciona a atividade física diretamente com a saúde. Para tanto, o autor utiliza o texto de Sigmund Freud, “O Mal-estar na Civilização”, para analisar as relações dos sujeitos com o esporte, considerando que este aparece como um método substitutivo ou uma sublimação para o homem encontrar seus “impulsos”.
            Para exemplificar o modo pelo qual esse movimento ocorre, o autor explica que a noção de que “esporte é saúde”, adotada por muitos esportistas, aparece como forma de buscar a felicidade, ou em outras palavras, a satisfação de suas pulsões através desta idéia. Entretanto, observa-se que na prática do esporte de alto-rendimento, a saúde não se mostra um sinônimo desta atividade, pois sabe-se que existem grandes problemas causados pela prática excessiva. Além disso, esta prática pode muitas vezes não ser de forma alguma prazerosa, fato que explica o fato de muitos profissionais da área, que estimulam o exercício físico com o objetivo de melhorar a saúde e o equilíbrio emocional, não praticarem nenhum tipo de esporte ou exercício físico.
            A partir desta e de outras constatações, esta noção do esporte como produtor de saúde e equilíbrio emocional é colocada em dúvida. Ainda a partir da análise de Freud, o autor coloca que se o esporte aparece como forma de buscar a satisfação de pulsões, existe o lado da derrota, que viria a ser um estímulo negativo, uma vez que no esporte, principalmente de alto rendimento, existe a valorização maior sempre do primeiro, do melhor, fato que exclui a possibilidade de satisfação da grande maioria.





            Já nos textos abaixo, pode-se encontrar exemplos de artigos que estimulam a prática esportiva em busca de saúde :














            Existem inúmeros exemplos de reportagens e artigos que apresentam essa idéia atualmente. Por outro lado, existem também inúmeras críticas em relação à introdução do esporte em busca de saúde, uma vez que sabe-se que existem danos à saúde em diversas práticas e nas formas com que são praticadas. Vários trabalhos atualmente dedicam-se a criticar o esporte da forma como vem sendo pensado, (principalmente na inserção dele nas aulas de Educação Física) e outros com a intenção de estudar o fenômeno esportivo em si. O texto abaixo oferece algumas reflexões e esclarecimentos acerca do assunto:






Beer Pong – Esporte é Saúde ?

Bloco X – Corpo, Atividade Física, Exercício Físico e Saúde


Bloco X – Corpo, Atividade Física, Exercício Físico e Saúde


            Neste bloco encontra-se material referente à discussão da relação que existe entre atividade física e saúde, que aparecem como sinônimos na maioria das vezes. Para realizar uma reflexão sobre o assunto, será utilizado o texto O Mito da atividade física e saúde, de Yara Carvalho, assim como outros textos e reportagens que ilustrem a relação que foi comentada, além de outros que abordem este assunto sob outro ponto de vista.
            Como comenta Yara Carvalho, a atividade física tem servido como forma de atingir um corpo ideologizado, que é sinal de sucesso e status social. Este modelo de corpo é diariamente difundido pela mídia através das “imagens que se processam pela televisão, por jornais, revistas e vídeos” (CARVALHO, 1995, p. 164). Existe um forte estímulo nestes veículos de comunicação para que se busque uma atividade física, como observa-se nos exemplos abaixo:



Todos os textos acima têm em comum informações com a finalidade de fornecer ferramentas para obtenção do corpo saudável. Certamente não é condenável que se busque práticas a fim de obter uma melhor saúde, entretanto o que se critica aqui, assim como no texto citado anteriormente, é que esse desejo de exercitar-se parte de uma imposição de estilo de vida, que por sinal tem sido amplamente explorado pela industria, que vê nesta influência a favor daquilo que se chama de “vida ativa”, uma grande oportunidade de estabelecer uma grande rede de mercadorias relacionadas a um público praticante de atividade física.
Além disso, são facilmente encontradas em textos de reportagens frases que colocam o exercício físico como uma atividade agradável e que traz inúmeros benefícios, sem que haja nenhuma fonte ou forma de comprovação destes. Ou então buscam-se especialistas para falar do bem que a atividade física faz. Entretanto, sabe-se que existem inúmeros fatores que determinam se uma prática vem a ser saudável para o indivíduo ou não. O exercício físico não deve ser colocado como remédio milagroso para todos os males. Um exemplo da discussão que existe neste sentido pode ser encontrada no artigo abaixo, que, como no texto aproveitado neste bloco, busca uma reflexão mais ampla sobre o tema, levando em conta os aspectos sociais, históricos e culturais.





Bloco IX – Educação Física e Obesidade


Bloco IX – Educação Física e Obesidade

         Para abordar o assunto do bloco, a obesidade, foram observados os conceitos presentes no texto A Obesidade como objeto complexo: uma abordagem filosófico-conceitual, para que se possa, a partir da análise da leitura apresentar o material encontrado, que serve como forma de ilustrar e exemplificar passagens do texto.
Atualmente é muito presente na área da Educação Física a discussão sobre a obesidade, assim como discursos que visam combatê-la, considerando-a como uma doença. No texto de Maria Cláudia Carvalho e André Martins é possível observar a constatação de que o tratamento dos obesos como pessoas doentes é uma das duas definições presentes atualmente. Tal abordagem pode ser encontrada nos texto abaixo, que discutem tratamentos e formas para diminuir seu efeito:






            A outra definição existente acerca da obsesidade, é de que ela vem a ser um “desvio do padrão vigente de normalidade”, sendo que o conceito de normalidade é construído culturalmente, não podendo ser analisado do ponto de vista biológico exclusivamente, como vem sendo. Neste sentido, a mídia exerce papel fundamental, por apresentar inúmeros modelos e exemplos de corpo magro e musculoso, que representa atualmente, o corpo saudável, normal. Pode-se observar a forma como isso acontece nos artigos da revista Saúde, abaixo, que contém dietas que estimulam o emagrecimento e o site de promoção de atividade física Copacabana Runners:








            Apesar de haver um consenso atualmente de que a obesidade caracteriza-se como falta de cuidado com o corpo e saúde, sabe-se que a questão passa longe de ser tão simples. Assim como é colocado no texto do bloco, deve-se estabelecer um olhar extremamente complexo acerca do assunto, que demanda uma análise de inúmeros fatores para considerar uma pessoa obesa, e não apenas de medidas antropométricas. É necessário que se reflita sobre as condições do ambiente que se encontram os indivíduos, para que os diversos fatores que resultam no estabelecimento e classificação do conceito atual de obesidade.
            Aproximando-se do que propõe o texto, pode ser encontrado no estudo do texto abaixo, uma análise da condição de vida de mulheres obesas em Minas Gerais, considerando aspectos históricos, sociais e culturais como constituintes da “situação” de obesidade.








Bloco VIII – Educação Física e Promoção da Saúde

            Neste bloco, encontra-se reunido material referente à discussão sobre o tema da promoção de saúde, utilizando para análise os textos do Dicionário Crítico da Educação Física que apresentam definições acerca das noções de Promoção de Saúde e Saúde. A partir da análise dos textos coletados, é importante que se realize uma reflexão com olhar crítico para o discurso de promoção da saúde, que encontra-se muito presente em trabalhos de diversas áreas de estudo, assim como na mídia, que difunde constantemente a necessidade da atividade física para obtenção da saúde.
            Abaixo, encontram-se alguns trabalhos que abordam a questão da promoção de saúde no Brasil:








            Pode-se observar que existe uma preocupação em se pensar a promoção de saúde dentro das políticas públicas de saúde, de modo a prevenir e tratar inúmeras doenças. Dentro destas políticas, observa-se um apelo muito forte à idéia presente na sociedade de que “esporte é saúde”. A partir desta idéia, existe um incentivo muito forte por parte do governo para a prática do esporte e atividade física dentro da política nacional de promoção da saúde, como pode-se observar no documento abaixo (pgs. 33 e 34):





Em alguns casos, sem dúvida, o esporte ou a atividade física são capazes de ajudar na melhora de alguns quadros patológicos. O que se questiona aqui é a noção que aparece atualmente, principalmente na mídia, de que a simples prática de exercício físico representa saúde. Para que se comece a entender esta questão, é necessário antes, que se saiba que o próprio conceito de saúde vem sendo amplamente discutido, necessitando de uma complexa reflexão para que se entenda em que situações o esporte representa mesmo saúde e em quais chega a representar perigo ao bom funcionamento do organismo.





Bloco VII – Educação Física e as Políticas Públicas de Saúde

Bloco VII – Educação Física e as Políticas Públicas de Saúde
           
            A partir da leitura do texto O Nascimento da medicina social, de Michel Foucault, e dos assuntos abordados durante a discussão do assunto na disciplina, foram reunidos neste bloco textos que trazem informações que possam ser observadas a fim de que se estabeleça uma reflexão sobre o que tem se visto atualmente sobre este tema.
            A fim de situar a discussão, pode-se observar o texto abaixo, que traz uma análise histórica dos principais acontecimentos no desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil.



            Nos trabalhos abaixo, podemos encontrar duas abordagens acerca da medicina social. Assim como Foucault, que traça uma análise de como a medicina social desenvolveu-se na Alemanha, França e Inglaterra, o primeiro texto explica como foi seu desenvolvimento no Brasil ao longo da história. Já no segundo é apresentada uma análise de sua relação com o campo da epidemiologia. A partir deste podemos observar a forma como a medicina social é vista atualmente e, particularmente neste texto, sua relação com a noção de risco.



           

            A partir da análise destes documentos, pode-se observar mais informações acerca do tema, a fim de se realizar uma maior reflexão sobre este. Em O nascimento da medicina social, observa-se o esforço de constituir uma política pública de saúde com três motivações diferentes, porém todas com o objetivo de estabelecer um maior controle sobre a população. Entretanto, sabe-se que a tentativa de maior sucesso foi a inglesa, que passou a preocupar-se com a saúde do pobre, mas principalmente do operário, com a preocupação de que este fosse mais produtivo. Tal preocupação pode ser observada ainda hoje, fato este que pode ser exemplificado nos textos: http://www.efdeportes.com/efd106/ginastica-laboral.htm


            O primeiro artigo, que fala da implantação da ginástica laboral e seus benefícios para os trabalhadores, explicita logo na introdução as intenções do emprego desta prática nas empresas:
“Quem implantou esse serviço? As empresas. Para quê? Para o acúmulo maior de capital, por motivos econômicos. As empresas perceberam que o homem econômico doente não seria o homem ideal. Ele não representaria a produtividade ideal. Assim se viu a necessidade de promover sua saúde.”

            Atualmente podemos perceber a influência deste modelo inglês, que surgiu na época da Revolução Industrial preocupado com a produtividade dos operários, ainda hoje com a mesma preocupação. Não se pensa se pensa se as formas de trabalho são saudáveis ou não, estas são vistas como estabelecidas e práticas como a ginástica laboral devem suprir as necessidades de manter a saúde do indivíduo, mesmo que existam dados que comprovam que esse tipo de prática pouco ou nada ajuda na manutenção da saúde.







Bloco VI – Qualidade de vida, vida ativa, estilo de vida, noção de risco


Bloco VI – Qualidade de vida, vida ativa, estilo de vida, noção de risco

            O material aqui encontrado, relaciona-se com os conceitos apresentados no texto Culto ao Corpo: identidades e estilo de vida, de modo a estabelecer uma conexão entre as abordagens do tema do bloco e do texto com exemplos encontrados na mídia ou outros trabalhos. O texto de Ana Lúcia de Castro, explica os fatores sociais que influenciaram no século XX a criação de um padrão de beleza no qual deve-se perseguir o corpo magro, esbelto, para depois evidenciar a forma como tal padrão interfere na criação da identidade cultural do sujeito moderno.
 Abaixo, encontram-se textos que abordam o assunto, levando em consideração vários aspecto abordados no texto comentado anteriormente:





Estilo de Vida Saudável:
            A partir da leitura dos textos e análise do que foi comentado, é possível que se volte o olhar para o papel que a mídia tem exercido neste contexto. Desde artigos com informações que estimulam dietas para emagrecer até reportagens que mostram os hábitos saudáveis de estrelas de Hollywood, existe um esforço enorme para que haja uma procura por atividades que levem a estilo de vida saudável.




            


terça-feira, 31 de maio de 2011

Bloco V – Corpo e Saúde/Doença


Bloco V – Corpo e Saúde/Doença

            Para a realização da discussão sobre a relação do corpo com a saúde e a doença, assim como uma análise da relação que estes dois conceitos estabelecem entre si, os textos apresentados virão de forma a dialogar com o texto Saúde/Doença e triangulação: pontos de vista e inter-relações, de Fernando Lefèvre e Ana Maria Lefèvre, além de aproveitar as contribuições de outros autores e de discussões em aula.  Em seu trabalho, os autores identificam “três grandes macro-interesses em disputa no “jogo” (no sentido que Bourdieu confere ao termo) da saúde/doença hoje entre nós:” sentir saúde (interesse do indivíduo), vender saúde (interesse do sistema produtivo ou mercado) e exercer o poder de proporcionar saúde (interesse do técnico ou profissional ou especialista em saúde).
A partir desta ótica, será apresentado material que ajude a compreender a influência de cada um destes interesses na disputa para conceituar tanto saúde como doença.




PVI – Ponto de Vista dos Indivíduos:
            Trata-se aqui, da percepção do indivíduo sobre seu corpo, ou seja, suas próprias sensações e sentimentos de bem ou mal estar. Entretanto, este indivíduo não encontra-se livre de influências externas, pois observa-se atualmente que em busca de um estado saudável, ele procura absorver em discursos de especialistas práticas e comportamentos que o identifiquem como um sujeito que se encaixa no conceito construído de saúde. Existe portanto, uma forte relação do desejo de se estar saudável (ou não estar doente), e influência que vêm dos interesses de mercado.
Cada vez mais, artigo como o da revista Saúde (abaixo), são procurados para obtenção de informações sobre práticas saudáveis:



PVSP – Ponto de Vista do Sistema Produtivo:
Do ponto de vista do mercado, interessa que a relação entre os conceitos de saúde e doença torne-se algo produtivo economicamente. Desta forma, a conseqüência deste fenômeno acaba sendo a venda da saúde, tendo nos meios de comunicação (como na matéria apresentada) um ótimo aliado para difundir os conceitos a serem perseguidos.
Entretanto, o que acontece é que apenas uma pequena parcela da população tem acesso aos meios para se buscar a saúde. A matéria abaixo, que se refere a uma reportagem da revista Veja, fala sobre formas de se defender de medidas que tem por intenção extrair o máximo possível do dinheiro do indivíduo.






PVT - Ponto de Vista Técnico:

            Quando trata-se de definir legitimamente a saúde de um indivíduo, recorre-se a quem retém o conhecimento técnico-cientifico acerca das áreas médicas e biológicas. É criada então esta forma de atestar e comprovar de maneira fidedigna a saúde da população, que consiste em basear-se em constatações dos especialistas nas áreas relacionadas ao campo da saúde. Como exemplos destas definições dos conceitos aparecem nos textos apresentados alguns direcionamentos sobre o assunto, vindos do Ministério da Saúde.




            -Página oficial da OMS (Organização Mundial da Saúde):

            Além disso, existe o interesse do mercado em promover um conceito de saúde. Na área da Educação Física é comum encontrar discursos de médicos, fisioterapeutas e professores que estimulam o esporte e atividade física como forma de tornar o indivíduo forte e saudável. Um exemplo que pode ser utilizado é o quadro “Medida Certa” do Fantástico, na Globo.

            Os apresentadores entraram em uma rotina diferente para mudarem o comportamento de modo a perder peso. Dentro das matérias, esse estímulo quase forçado à certas práticas pode ser muito bem observado.

Bloco IV – O Corpo e Educação Postural


Bloco IV – O Corpo e Educação Postural

            Através das contribuições do texto de Georges Vigarello, Panóplias Corretoras: balizas para uma história, e de reportagens e textos relacionados com o tema da educação postural pretende-se oferecer uma exposição de material que ajude na reflexão acerca do assunto, que aparece frequentemente na área da Educação Física. A divisão utilizada no texto de Vigarello, que apresenta dois momentos distintos da educação postural, será aproveitada como estrutura para a apresentação dos textos aqui reunidos.





Uma manipulação de morfologia:
            O texto de Vigarello inicia falando sobre os aparelhos usados para moldar os corpos de acordo com as noções da época do que seria uma postura correta. Dentro dos exemplos utilizados, existe um bastante conhecido ainda hoje, que é o espartilho:

            Assim como na época em que os aparelhos interferiam na morfologia corporal, o uso do espartilho no caso observado tem a intenção de moldar o corpo de acordo com um padrão existente na sociedade. Neste caso, o desejo que as mulheres têm de possuir uma cintura fina. Logicamente, as proporções observadas fogem ao padrão de beleza indicado atualmente, mas o modelamento da cintura da mulher citada na reportagem veio deste desejo.



O recuo da mão e seu sentido:
            Se em um primeiro momento o corpo era moldado por aparelhos que serviam como uma extensão da mão do tutor, a partir da segunda metade do séc. XVIII a educação do corpo passou a se dar de uma forma mais sutil, disfarçada. Como bem explicita a passagem do texto:
“A substituição de uma mão impondo quase diretamente seu poder, por uma outra se distanciando para melhor solicitar de modo indireto as forças que o próprio sujeito contém, implica, em duplo sentido, um trabalho sobre o domínio de si: aquele que a situação dita sem rodeio ao sujeito, e aquele que ele aprende exercer sobre si mesmo.” (Vigarello, 1979, p. 36)
Observa-se, portanto, um discurso diferente daquele que observou-se em um primeiro momento, que se propõe a criar no indivíduo uma forma de ele próprio disciplinar seus movimentos e comportamento, sem que haja a necessidade de uma interferência direta de aparelhos agindo diretamente sobre o corpo.
Outros exemplos de textos que abordam o assunto podem ser encontrados em diversas fontes, como as que seguem:






Bloco III – Corpo e a Higiene


Bloco III – Corpo e a Higiene

         A intenção deste bloco é evidenciar a influência do movimento higienista no contexto de criação e ao longo da história da Educação Física no Brasil. Para isso será apresentado um resumo do texto Combater a “Poética Pallidez”: a questão da higienização dos corpos, de José G. Gondra, além de textos sobre o tema que ajudam a entender o que foi o movimento higienista no Brasil. Neste sentido, o texto abaixo ao realizar uma análise história deste movimento, evidencia sua preocupação com a saúde da população e com uma intervenção com a intenção de mudar os hábitos da população.

           



Resumo – Combater a “Poética pallidez”: a questão da higienização dos corpos

O texto de José G. Gondra discute as relações da medicina com a corporeidade na educação do século XIX no município da Corte. O autor dedica-se a trabalhar com dois grandes aspectos do projeto de higienização dos corpos, sendo o primeiro deles voltado para se delimitar a extensão das ações imaginadas pelos médicos da época e no segundo dirige-se um olhar sobre o projeto de educação física a ser praticado e desenvolvido nos colégios.
            Para por em prática este projeto higienização nos colégios, os médicos passaram a criar uma pauta para a educação física, nas quais eram possíveis distinguir sete temas em torno dos quais o discurso é articulado: o diagnóstico das práticas corporais, os objetivos da educação do corpo, o lugar de educar, os agentes de educação física, o modo de educar, as atividades e os princípios que deveriam regê-la. Dentro destes temas é analisado o discurso empregado pelos médicos da época, que se preocupavam claramente com o pleno desenvolvimento dos jovens, para que estes pudessem crescer e desenvolver-se de maneira plena para que se tornassem adultos prontos para serem úteis a pátria, ou seja, corpos vigorosos e trabalhadores.
            Era importante para os higienistas que esse projeto fosse bem sucedido, portanto defendiam um método de ensino que fosse ao encontro dos discursos desenvolvidos e legitimados na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro – FMRJ. Um dos princípios básicos era a hierarquia que era estabelecida, na qual, para eles, a educação do corpo deveria preceder a intelectual. Para que o jovem estivesse pronto para a vida na instituição escolar, deveria ter desenvolvido suas aptidões físicas, considerando importante, portanto, as brincadeiras e outras atividades infantis. É estabelecido inclusive um plano de atividades para que este desenvolvimento fosse atingido com eficiência, que, baseado na idade, definia que tipos de exercício deveria ser aplicado. Para que atingissem as finalidades preventivas ou curativas a que se destinavam, recomendava-se que os exercícios seguissem os mesmos princípios formulados pela higiene.
            Na parte final, o autor procura mostrar como foi a reação dos professores diante da proposta higienista de educação corporal. É indicada uma certa argumentação de parte dos professores com a educação física, que partilha as mesmas preocupações dos higienistas quanto à formação do corpo robusto para o trabalho e desenvolvimento da nação. Porém, existiu uma crítica a essa forma de ensino por parte dos professores da época, não somente da Corte, que reclamavam dessa forma de educação física por não haver condições de implantar aquele tipo de ensino devido à precariedade de espaço, falta de profissionais especializados, entre outros aspectos. Dessa forma começou uma discussão que se prolongaria sobre os diversos aspectos da educação física nas escolas brasileiras.





            Pode-se, a partir do resumo, identificar os objetivos principais do autor, que ao estabelecer uma análise histórica da intervenção médica sobre os corpos, procura evidenciar a preocupação com a saúde da população, para a criação de uma mão-de-obra forte e saudável. Esta constatação pode ser observada também no trabalho abaixo, de Silvana V. Goellner:


            Em uma passagem do texto a autora afirma:
        Legar robustez e integridade às gerações futuras passou integrar o conjunto de objetivos da política nacional de desenvolvimento do país (Marques, 1994). O propósito encontrou apoio em categorias profissionais como médicos, intelectuais, militares, dirigentes políticos e professores, que não pouparam esforços para consolidá-lo (Schwarcz, 1993). Entre as várias ações desenvolvidas em prol desse aprimoramento, destaca-se o amplo incentivo conferido à prática de atividades físicas, percebidas como fundamentais para o fortalecimento da saúde dos indivíduos e do próprio país.

            Percebe-se no discurso higienista o esforço no sentido de se pensar sobre a saúde da população, a partir das idéias presentes na época que se preocupavam em estabelecer uma nação forte. Deste modo, passa a existir uma intervenção médica que não preocupa-se exclusivamente com a saúde do indivíduo, mas de forma coletiva, com influências do contexto em que foi criada a medicina social, explicado por Foucault (1993).





Bloco 2 – A Anatomia e os estudos do corpo


Bloco II – A Anatomia e os estudos do corpo

            Para realizar uma reflexão acerca dos assuntos que englobam o estudo da anatomia e os estudos do corpo, foi reunido neste bloco material que relaciona-se diretamente com a temática e com o texto Lições de Anatomia: geografias do olhar, de Carmen Soares e Vinícius Terra, apresentado na disciplina, de modo a analisar a forma pela qual os estudos da anatomia tem influenciado as concepções sobre o corpo humano. Serão apresentados textos, servindo de exemplo e ilustração para algumas passagens do texto citado anteriormente e explicada a relação que estabelecem com o tema do bloco.

Anatomia Energética:

O texto presente no blog trata de explicar formas pelas quais a energia se manifesta no corpo humano, através de conceitos estudados pela medicina ayurvédica. Os estudos citados no texto abordam o corpo de maneira diferente daquela que se vê na medicina tradicional do ocidente, influenciada pelos estudos de cadáveres como aparece explicado no texto do bloco, mas importando-se também com “uma realidade muito maior do que a que pode ser percebida e estudada através dos cinco sentidos do corpo físico”.



      


           


Anatomia e a arte:
            O texto fala sobre as contribuições de Leonardo Da Vinci para os estudos de anatomia. Conforme o texto Lições de anatomia: geografias do olhar explica, a relação de artistas como Da Vinci, Michelangelo, Raphael, com a anatomia era bastante intensa. Na época, buscava-se uma retratação do corpo, sendo buscados nos estudos de anatomia dados para a realização de suas obras. Mas a contribuição não era somente da anatomia para os artistas, pois alguns destes contribuíram para o estudo desta ciência. O texto cita algumas das contribuições de Leonardo Da Vinci, evidenciando esta relação próxima entre anatomia e arte na época.




                                                   
            Este artigo ilustra a relação entre anatomia e arte, construindo uma reflexão a partir da História da Arte, observando as já citadas contribuições de Leonardo Da Vinci e Andreas Vesalius para os estudos da anatomia. São abordadas também no texto as dissecações em público, além de vários outros aspectos citados no texto já comentado do bloco II.






 “Raras são as relações que se fazem entre a anatomia e a história, uma história do corpo, da educação física, das práticas corporais; raras são as vezes em que se problematizam essas compreensões, em que se pensam nas conseqüências desse conhecimento na configuração do corpo como objeto de conhecimento e do corpo vivo como objeto de estudo e de trabalho. Raras são as vezes em que o corpo é apresentado, também, como um objeto de estudo histórico.”

A partir desta afirmação presente no texto de Carmen Soares e Vinicius Terra, constata-se que estudos como os apresentados nestes artigos, são pouco desenvolvidos. Os estudos da anatomia que levam em conta os aspectos citados na passagem do texto ainda são muito raros. Por esse motivo é importante destacar essas leituras, que utilizam uma análise histórica da anatomia através da arte, para observar como pode ser realizado um estudo da anatomia preocupado com as questões históricas e sociais.






           
                                                    


Bloco I - Corpo e a Biologia


Bloco I – Corpo e a Biologia

            A partir da leitura das definições de epidemiologia e cinesiologia, presentes no Dicionário Crítico de Educação Física, e reflexão a partir de textos que abordem o assunto relacionado ao corpo e biologia, pretende-se neste bloco apresentar uma análise do material de modo que se evidencie alguns aspectos importantes sobre o tema.
A seguir, será apresentado material que ajude a esclarecer e a refletir sobre a epidemiologia e cinesiologia, seguido de uma conclusão, observando os aspectos encontrados de uma forma mais geral, estabelecendo uma ligação com as discussões sobre a saúde.

Epidemiologia:

            De modo a contribuir para uma introdução ao assunto, estão presente abaixo textos que servem para oferecer conceitos fundamentais sobre o modo como se pensa a epidemiologia atualmente. O primeiro é a tradução para o português de um texto publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que contribui no sentido de oferecer conceitos básicos sobre a epidemiologia, da mesma forma que o segundo, denominado “Noções Básicas de Epidemiologia.



            Pode-se perceber nas publicações, que o conceito de epidemiologia como “estudo de epidemias de doenças transmissíveis” foi substituído por uma preocupação da área com “os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores determinantes destes padrões”. Desta forma, é possível diferenciar sua forma de atuação com a da clínica, que atua em nível individual, sendo importante portanto, na constituição de políticas públicas de saúde.



            Cinesiologia:

            De maneira geral, pode-se dizer que a cinesiologia é a ciência que estuda o movimento humano, ou a estrutura e função do sistema músculo-esquelético do corpo humano. Nos cursos de Educação Física e Fisioterapia principalmente, aparece como disciplina bastante conhecido pelos profissionais da área. Apesar das controvérsias existentes quanto ao seu significado, seu estudo na área da Educação Física tem se dado quase sempre como forma de analisar os fundamentos básicos do esporte, como aparece exemplificado no vídeo abaixo:


            Outra concepção e modo de aplicação de seus estudos podem ser encontrados nesta página :




            O estudo dessas duas ciências vem ganhando destaque na área da saúde, mostrando-se importantes no que se refere à busca de conhecimento sobre o corpo humano. Já há muito tempo existe o interesse do homem em conhecer os mecanismos do corpo humano para melhor entender e cuidar de seu corpo. Atualmente, nos estudos sobre a saúde, mostra-se fundamental o conhecimento sobre essas duas áreas, que se relacionam diretamente com a atuação do profissional da Educação Física, uma vez que cada vez mais ele é visto na sociedade como promotor de saúde.